segunda-feira, 20 de abril de 2009



O teu amor passou por mim
Como um conto ligeiro
Renovou meus sentimentos
Quebrou o meu espelho
Atirou para longe
Todo o resto
Renovou esperanças
De um amor verdadeiro...
Soprando as cinzas
Do velho cinzeiro
Enfim, o teu amor passou..
Como agua em deserto árido.
E secou em mim
O meu resto de esperança...

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi,
não soubeque ias comigo
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda

Infinita Incógnita !!!


Eu e você somos assim...
um toque cheio de lembranças,
um olhar repleto de saudade,
nos amando sem nos vermos,
nos sentindo sem nos tocarmos.

Seres únicos nesse universo...
somos e sempre seremos o brilho do luar
que os apaixonados encanta,
a leve brisa que transporta
o som do rouxinol que canta.

Tantos segredos, ocultos
a sete chaves guardados,
de tantas vidas vividas,
de todos séculos passados.

Talvez estejamos presos em
invisíveis laços adormecidos
que com suavidade e firmeza
enlaçam nossos destinos...

Por mais que tentemos tudo isso desvendar, no fundo do peito sabemos, é inútil tentar... ahhh infinita incógnita !!!

Dibruck

"Me faço mulher pra você..."

Te toco com a suavidade de uma borboleta...
Te carrego em minhas asas...
Te faço sonhar no meu corpo...
Me faço várias em uma...
Te mostro cada uma
Sem pudor, sem medo...
Uso todas as minhas faces...
Você se rende à mim...
Aos meus caprichos...
Aos meus desejos...
Viro teu vício...
Não aquele que mata,
Que faz sofrer...
Mas aquele que traz para vida...
Que te deixa no cio...
Te faço enlouquecer,
Numa explosão de prazer...
Te acalmo...
Te dou colo...
Te faço dormir...
Te dou a certeza,
De que serei tua eternamente...
De que será sempre teu o meu amor...

”Me faço mulher pra você!”

terça-feira, 7 de abril de 2009


Lembro-me bem do seu olhar

Ele atravessa ainda a minha alma. Como um risco de fogo na noite. Lembro-me bem do seu olhar. O resto... Sim o resto parece-se apenas com a vida. Ontem, passei nas ruas como qualquer pessoa e não encontrei amigos com quem falar.Tão triste que me pareceu que me seria impossível viver amanhã, não porque morresse ou me matasse, mas porque seria impossível viver amnhã e mais nada.

Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender. Um coração exageradamente espontâneo quesente tudo o que eu sonho como se fosse real, que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta.Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

Álvaro de Campos

quinta-feira, 2 de abril de 2009


Saudades

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:

Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca


Sem remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

Florbela Espanca


Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca