segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Hoje eu digo adeus...

À todos os sonhos que eu não pude realizar
Ao medo e a coragem que eu não tive...
À todas as noites que eu nunca mais vou ter ao teu lado,
Ao sabor do beijo que ainda hoje sinto em minha boca,
Ao abraço que eu nunca vou esquecer.

Hoje eu digo adeus...
A todas as incertezas e dúvidas,
A este amor que não morreu,
Mas que eu nunca pude viver.

Márcia Chavante
03.06.08

Nossos sonhos ficaram num canto esquecido por nós dois.
Não sei se culpa tua ou minha, mas fomos nos perdendo no meio do caminho.
E já nem sei o que faço com este amor que ainda pulsa aqui dentro...
E que me faz perder a fome, o sono e que me diz o quanto sou louca.
Sim louca... por te amar dessa forma tão desvairada e sem previsões de fututo.
E que futuro há para nós senão o de chorarmos escondidos e sozinhos?
Trazendo este gosto amargo na boca...
Gosto de solidão e saudade, misturado com lágrimas que rolam...
Se transformando num rio de tristeza e dor...
Dor de não ter "você".

Márcia Chavante
09.05.09

quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes

quarta-feira, 26 de agosto de 2009


Caminhos

O melhor caminho
é o que nos leva
ao encontro de nós mesmo.

Um primeiro passo
nos leva a tantos outros
que o caminho desvela.

Caminhar à vista de um ponto
não sendo o de fuga,
nos leva a algum lugar,

Cada passo nos leva
pelo caminho escolhido,
que nem sempre pode ser o melhor.

Que a razão seja o equilíbrio
que a emoção necessita,
para escolher o melhor caminho.

Como somos humanos e falíveis,
às vezes é dificil prever
o resultado da caminhada.

Guida Linhares

Sua imagem está na minha memória,
o pensamento voa a procura do seu,
o amor ainda vive...

A saudade dá vida ao pranto silencioso.

Nos perdemos pelo caminho.

Mas o espaço que você ocupava,
ainda está vazio.

A saudade invade,
machuca...

Estou aqui no mais reservado canto da minha vida,
Olhando para o computador.
Minha mente sussurra palavras ao teclado,
No mais discreto improviso,
Meu coração voa...

Por que te amar?
Talvez por te ver e sentir...
Mesmo sem te possuir!

Por que te ver?
Quem sabe para te imaginar, sorrindo
para também me amar!

Por que imaginar?
Vai ver você já foi, é, e sempre será,
um sonho a me enganar!
Ficas em mim existindo, ensaiando uma saudade
Que não cabe mais dentro de mim...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


O amor comeu meu nome,
minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade,
minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita,
o amor veio e comeu todos os papéis
onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas,
meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos,
o número de meus sapatos,
o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso,
a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra,
meu dia e minha noite,
meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça,
meu medo da morte

João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, 5 de agosto de 2009



Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minha alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo
À luz do sol, na noite sossegada.

E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas pequenas.
Por toda a vida.
E, assim se Deus o quiser,
Ainda mais te amarei depois da morte.

(Elizabeth B Browning - Tradução: Manoel Bandeira)

No silêncio das palavras o vazio,
letras esmaecidas cores frias,
nada a dizer...nada a perguntar...nada a responder.
Alguma coisa no caminho se perdeu,
entre o céu e a terra se desvanesceu.
Não há lamento, não há dor,
há sómente um tudo,
preenchido de tanto nada.

M. Chavante