quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Das coisas que gosto, só resta um esboço
Traços de um rosto,
Rabiscos de lábios silenciosos.

Curvas sinuosas,
Lua que insinua,
Solidão que ensina.

Muitas músicas soam...
Sou letra sozinha,
Sem rima e nem rumo,
Suo em noites frias.

Trago comigo...
Mãos vazias,
Inquietas,
Ansiosas pelo desenho completo...
Apaixonadas pelo sonho de tocar-te.
Com olhos repletos pela vontade de amar-te.
Por toda parte sempre falta-me o lápis,
Para pintar tua felicidade junto com a minha...

Das coisas que gosto..."prefiro a ti".

Na minha solidão poética
pude contemplar no silêncio da vida,
o universo complexo do amor
vi em cada etapa os maiores sentimentos:

os sorrisos e as dores,
os abraços e os choros,
vi milhões de outros sentimentos ainda em formação.

Pude compreender que num simples gesto está a complexidade da cumplicidade do amor,
passear de mãos dadas, as mil palavras trocadas por um olhar apaixonado,
a vida toda resumida num beijo carinhoso no queixo.

Pude perceber que o amor composto de infinitos movimentos simples e cotidianos,
que o amor é tão simples como complexo,
o que muda é nosso olhar diante dele.

domingo, 15 de agosto de 2010


Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.

Clarice Lispector
Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz rouca em meu ouvido
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais

Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar

E o tempo é só nosso
E ninguém registra a cena
De repente vira um filme
Todo em câmera lenta
E eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim...

domingo, 8 de agosto de 2010


A Solidão

O que não aconteceu foi rápido, fiquei para sempre sem saber, sem que me soubessem, como debaixo de um sofá, como perdido pela noite.

Assim foi aquilo que não foi, e assim eu fiquei para sempre...

(Pablo Neruda)

Coração diz amo-te!
As circunstâncias dizem: não posso!
O amor diz preciso de ti
E a razão pergunta: porquê?
O meu olhar chama-te ,
O meu silêncio afasta-te
Fecho os olhos e sinto-te aqui...
Quando olho, não estás...
Quero tocar-te mas sinto o vazio
Quero beijar-te mas engulo em seco o desejo
Quero ouvir a tua voz, mas só ouço o grito do silêncio
Quero chamar-te mas a solidão cala-me...
Apesar de toda a distância o coração diz: procura!
O medo fala: não faças isso!
A esperança grita: Calma!
Mas o momento diz:

A tua presença é o que eu mais desejo
E a tua ausência a minha maior dor...

sábado, 7 de agosto de 2010


Não é amanhã
quando tiver tempo,
não é daqui a pouco
quando talvez nem alcance mais...

Preciso de você agora!
Agora que meu coração chora
e não estou me sentindo capaz!

Espero-te... E sei bem que eu só que te espero...

Aqui me tens... Constante e eterna é a expectativa!

Por que hei de ser assim sempre ingênua e sincera

por mais que experiência eu tenha, e a vida eu viva...

Me ajuda, que hoje eu tenho certeza que já fui Pessoa ou VirginiaWoolf em outras vidas, e filósofo em tupi-guarani, enganado pelos búzios, pelas cartas, pelos astros, pelas fadas. Me puxa para fora deste túnel, me mostra o caminho para baixo da quaresmeira em flor, que eu quero encontrar em seu tronco lótus de mil pétalas do topo da minha cabeça tonta, para sair de mim e respirar aliviado... e por um instante não ser mais eu. Por que hoje não me suporto nem me perdôo de ser como sou, sem solução.

Me explica, por que às vezes tenho medo ou deixo de ter, como agora, quando o vento cessa e o sol volta a bater nos verdes. Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo.

Caio F. Abreu