domingo, 22 de março de 2009



Perdão se pelos meus olhos não chegou mais claridade que a espuma marinha, perdão porque meu espaço se estende sem amparo e não termina. Monótono é meu canto, minha palavra é um pássaro sombrio fauna de pedra e mar o desconsolo de um planeta invernal incorruptível. Perdão por esta sucessão de água da rocha, da espuma, o delírio da maré assim é minha solidão. Saltos bruscos de sal contra os muros de meu ser secreto, de tal maneira que eu sou uma parte do inverno da mesma extensão que se repete de sino em sino em tantas ondas e de um silêncio como cabeleira silêncio de alga canto submergido.

Pablo Neruda

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