domingo, 29 de novembro de 2009


ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente

Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te tendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Fernando Pessoa

4 comentários:

  1. Hola amiga,
    Gracias por traer este poema tan bonito de Fernando Pessoa, me encantó.
    Besos.
    Fer.

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  2. Oi Fernado, eu adoro os textos do Fernando Pessoa, são muito intenso... que bom que você gostou.
    Bjusss

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  3. Tava aqui na net de madrugada... vi um fragmento da Clarisse e estava procurando o texto inteiro... e adivinha, achei seu blog... me chamou muito a atenção pelo nome... adorei seu espaço... tô seguindo... bjos!!! Tb adoro Pessoa, Lispector e O Caio.... Claro...
    Sucesso, adorei o espaço, voltarei com certeza!

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  4. Fico feliz por ter gostado do meu cantinho querida... fique à vontade e volte quando quiser... seja bem vinda!!
    Bjusss

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